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Sejam bem-vindos ao "Natureza em Foco"

Descubra como minhas fotografias foram produzidas e a forma como executo meu trabalho.

sábado, 20 de dezembro de 2008

NatGeo Again!

Ainda é meio surpreendente ver uma foto minha no site da National Geographic Brasil. Hoje a miragem ficou ainda mais agravada. Pela segunda vez, ainda neste ano (acreditem, eu achei que demoraria pelo menos dez anos) uma foto minha é escolhida para figurar entre as trinta melhores fotos do concurso cultural National Geographic International Photography Contest 2008 que dará ao seu vencedor uma viagem com tudo pago para Washington D.C para conhecer a sede da National Geographic Society e ainda a exposição na revista NG Brasil, o que para qualquer apaixonado pela revista é o equivalente ao Oscar dos atores (retirado do post 'Eu na NatGeo')
Enfim, sem mais demora... Foto foi tirada na Urca, com vista para o monte Corcovado e para todos os barcos que estavam ali ancorados naquele momento. E eu, pobre fotógrafo, que achava que a foto era meio sem graça... exatamente pelos tons sépia, que eu achei muito sem vida.
Ironia.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Uma Criança Inconveniente


Fonte: http://get2pc.com/watch?v=uACrQrzJGBM
Youtube: http://br.youtube.com/watch?v=uZsDliXzyAY

Ao assistir o "Seven Suzuki speaking at UN Earth Summith 1992", no portal de vídeos Youtube senti uma coisa estranha. Após ficar com os olhos pregados na tela durante 6:40 e o vídeo acabar, tive a estranha sensação de que algo extremamente benéfico e altruísta havia acabado de ser dito, algo inteligente e sábio.
A pior sensação é de que mesmo uma menina, a jovem canadense Seven Suzuki, de apenas 11 anos de idade, tendo juntado dinheiro com suas amigas da organização ECO (Organização de Crianças em Defesa do Meio-Ambiente), para vir para o Rio de Janeiro, em 1992, para a ECO Rio 1992, fazer um dos discursos que simplesmente mudaram a minha vida, nada aconteceu.
1992. 2008, quase 2009. São quase 17 anos de diferença. Absolutamente nada aconteceu. Tivemos o Katrina, o Tsunami na Tailândia, a enchente em Santa Catarina (Santa Katrina?), tivemos um ex-futuro presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, fazendo mais sentido em duas horas do documentário "Uma Verdade Inconveniente" do que qualquer livro ou movimento político no Brasil pelos últimos dez anos. O que mudou? Nada.
Céticos dizem que o planeta está bem, como o comediante George Carlin que acredita que a preocupação dos ambientalistas e ecologistas com o planeta Terra e as raças que estão em extinção é uma, "tentativa arrogante dos seres-humanos de controlar a natureza."
Está na hora de colocarmos algo na cabeça.

"Aquilo que nós damos por certo, talvez não esteja aqui em cinqüenta anos." - Al Gore.

Talvez, em cinqüenta anos, tudo que nossos filhos saibam sobre tigres, leões e ursos (oh, não!) venha de livros. Talvez a Amazônia deixe de existir. Talvez a natureza apague a pior praga que já pisou neste planeta desde seu nascimento: nós.
Está na hora de mudar a forma como vivemos. Faça sua parte. Pense. Reaja. Reduza. Reuse.

P.S.: No site do Instituto Chico Mentes está a tradução (desnecessária pela presença da legenda), do discurso completo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sagüis Curiosos e Cogumelos

(Escutando: Dj Umek – Posing As Me)

Caminhar pela trilha do Bem-Te-Vi (Pista Cláudio Coutinho – Urca) ainda é e sempre será (por enquanto que nós conseguirmos manter a limpeza) algo que todas as vezes me fará pensar, refletir e na maior parte do tempo até agora, fotografar. Para quem anda pela pista é sempre fácil reconhecer os Sagüis, brincalhões e saltitantes, que ficam pulando de lá pra cá o tempo todo, perseguindo uns aos outros. Já viraram praticamente animais de criação dos moradores do bairro.
Este ensaio, que foi bastante apressado, me fez pensar na minha própria curiosidade. Eu, como fotógrafo, sempre que vejo uma câmera fotográfica apontada na minha direção, tenho como primeira reação, instintiva quase, me esconder ou pelo menos sair do campo de visão. É algo praticamente natural. Mas estes pequenos macaquinhos, nomeados Micos-estrela, parecem que a cada vez que retorno ao local, estão mais curiosos. Correm cada vez mais rápido na direção da câmera.
Seus olhares intrigados sempre chamam a atenção de quem esteja com foco, diafragma e obturador ajustados na medida certa. Os clicks são efetivados pelo clarão que ilumina o objeto fotografado pouco antes do espelho descer.
É nesse momento que os sagüis ficam mais curiosos. É como se quisessem dizer, "Que isso?". Seus olhos, que brilham amarelados com o flash, dizem tudo.
Uma rápida caminhada pela Urca pode se mostrar um dia valoroso para um bom ensaio fotográfico. Motivos diferentes, mas fotos sempre em foco, sempre com assunto, sempre querendo dizer algo.
E sobre os cogumelos... Que diabos sei eu sobre cogumelos?

Por onde andei...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Workshop na Fiocruz

(Escutando: Sigur Ros – Staralfur)

Fazem mais ou menos dois meses que venho dando aulas de fotografia para jovens da comunidade da Maré e de Manguinhos. Usamos o campus Bonsucesso da Unisuam como nossa escola e junto de outros professores, como o amigo e fotógrafo Didier Pelógia, que saca fotografia tão bem ou ainda mais que eu, continuamos a mostrar nossos trabalhos e a tentar passar nossos conhecimentos.
Não vou negar que o trabalho de professor é meio enfadonho. Falar durante horas na frente de pessoas que não entendem muito bem o que você está dizendo e algumas outras que simplesmente não querem estar lá, de vez em quando é desagradável. Irritante as vezes. Mas há sempre àqueles alunos que salvam.
É por isso que a tática “Giordanno Bruno” de ensinar ainda é a minha favorita. E isto consiste em sentar todo mundo no chão e dialogar, de modos que haja uma troca de conhecimentos ao invés de simplesmente tentar enfiar dentro da cabeça dos seus alunos algo que você não sabe se eles estão afim de aprender.
No último dia 28 de Novembro, uma sexta-feira, fizemos um Workshop. Os professores, eu e os alunos fizemos uma longa caminhada por todo a extensão da Fundação Fiocruz, um terreno gigantesco com centenas de milhares de árvores. Prato cheio para qualquer fotógrafo. Ou aprendiz.
Durante horas nós caminhamos pelas matas do terreno, e muito embora eu sempre prefira caminhar recolhido, mais solitário para poder me focar no que quero fotografar, tenho certeza de que o dia foi muito proveitoso para todos. Eu e o camarada de Teresópolis trocamos várias idéias, conhecimentos e tentamos aprender um pouco um com o outro. Nada melhor que um Workshop.
A excitação de alguns alunos, alguns poucos privilegiados que conseguem salvar o dia, paga o esforço. A sensação de ver o resultado, horas depois de nos encontrarmos e perceber que alguns, mesmo que poucos, aprenderam alguma coisa, é muito boa.
Neste post, após uma longa ausência, fotos da caminhada na Fiocruz.
PS: Gostaria de experimentar algo novo, só para variar. Como diz o grande fotógrafo Roberto Linsker, da National Geographic, "Sempre gosto de reconhecer cuidadosamente o terreno onde piso. "Conversar" com ele. Semanalmente, uma imagem sem legendas."

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Meia Amazônia NÃO!

foto: Rodrigo Baleia


Não fiquei satisfeito em apenas me cadastrar no site Meia Amazônia NÃO!, então estou aqui para divulgar essa idéia que visa proteger a nossa maior riqueza. Por favor, divulgue isso! Nossas árvores só dependem de nós mesmos.
Me associei ao site e divulguei para todas as pessoas que conheço. Você também pode protestar contra essa nova lei (!) de acabar com o que temos de mais valioso.
Estou colocando a assinatura do site no "Natureza em Foco" para mostrar que para mim "Meia Amazônia NÃO!"

Como tudo começou
Passou no Senado e tramita agora na Câmara dos Deputados um projeto de lei que, se aprovado, será um golpe mortal para as florestas brasileiras e, em especial, a floresta amazônica. Originalmente de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), e modificado pela comissão de agricultura do congresso, o PL 6424/2005, autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. De quebra, legaliza praticamente todos os desmatamentos que, nos últimos 40 anos, derrubaram cerca de 700 mil quilômetros quadrados da área original de floresta - o equivalente a quase três estados de São Paulo.

Quem apóia o projeto e o que pode acontecer
Os ruralistas defendem sua proposta alegando que o projeto incentivará a adesão dos fazendeiros à legislação ambiental e garantirá a sobrevivência de metade da biodiversidade amazônica. A primeira promessa, levando-se em conta o passado da atividade rural no Brasil, é uma dúvida. A segunda é ilusão. Na Amazônia, 50% é igual a zero.
Com base nas taxas anuais de destruição de floresta, estima-se que, em duas décadas, 31% dela estarão derrubados, outros 24% degradados e a Amazônia prevista para virar uma savana até o final desse século. O projeto de lei é um sinal verde para as motosserras acelerarem esse processo. Junto com a Amazônia, desaparece também a riquíssima biodiversidade da floresta (ainda não totalmente conhecida pela ciência) e as culturas locais, além de impacto em vários povos indígenas e populações tradicionais.

Por que defender a Amazônia?
A floresta amazônica é um recurso natural estratégico para o combate ao aquecimento global. Destruir a Amazônia pode reduzir a produtividade agrícola brasileira, provocando um grande impacto econômico e social no país. A chuva que é produzida na Amazônia é importante não apenas para a região. Ela ajuda na geração de energia, na produção de alimentos e no abastecimento de água no centro, sul e sudeste brasileiro.

Você pode ajudar
Ao invés de aumentar a proteção do meio ambiente e estabelecer metas para a redução do desmatamento, o Congresso Nacional estará dando as costas para a Amazônia e abrindo as portas para mais destruição, agravando uma situação que já coloca o Brasil na incômoda posição de quarto maior poluidor do clima do planeta. Exija um ponto final no desmatamento em todas as florestas tropicais brasileiras, em especial a Amazônia. Acesse o site e diga aos deputados e senadores que 50% é igual a zero e você quer uma Amazônia por inteiro. Divulgue no seu blog, comunidade e em todos os canais que possam fazer com que esse movimento ganhe cobertura nacional.

A Amazônia é a uma das principais riquezas do planeta e você pode ajudar a protegê-la!


P.S: O fotógrafo da National Geographic Brasil e colaborador do Greenpeace, Rodrigo Baleia, me concedeu a honra de usar sua foto para este post. Ela retrata perfeitamente o meu protesto contra o desmatamento da Amazônia. Se olhar bem vai reparar que a foto é uma versão apocalíptica da nossa bandeira. Sem Photoshop, sem edição. Isso aí acontece de verdade.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Sorte e o Fracassado

(Escutando: Yelle - ACDG)

Para dar uma certa "alfinetada" em quem tem olhos muito grandes em cima de mim ou do meu trabalho, gostaria de deixar aqui registrada a minha opinião sobre um certo momento um tanto desagradável que me ocorreu esses dias.
Um certo "garoto vermelho com bolinhas roxas" se aproximou e disse que meu blog só teria material suficiente enquanto minhas fotos estivessem por aqui. Disse que tenho apenas sorte, mas que não sou um fotógrafo "grandes coisa". Disse até que é a câmera que faz o fotógrafo, que com uma boa câmera qualquer um fotografa bem.
Naquele momento fiz o que qualquer sábio faria. Fiquei quieto e virei as costas, lembrando da seguinte frase.

"Qualquer fracassado lhe dirá que sucesso não passa de sorte." -Earl Wilson

Acompanhando a leva do post, gostaria de chamar quem por ventura veja isto para a minha exposição de fotografias. Mostrarei do dia 23/10 até 30/10 as minhas melhores fotos na exposição "Muito Além da Comunicação", que começará as 18:00 no Núcleo Hans Donner de Comunicação Social (Av. Paris - 121).
Estarei pessoalmente mostrando meu trabalho e tudo que aprendi nesses quase 2 anos de experiência e muita prática.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Eu na NatGeo

(Escutando: KT Tunstall – Suddenly I See)

Para fechar o mês de Setembro com chave de ouro posto aqui hoje uma foto de minha autoria que foi escolhida para fazer parte das trinta (30) melhores fotos dos leitores no site da National Geographic Brasil. Após uma revisão dos editores e dos próprios fotógrafos da revista, a imagem encontrou seu espaço entre as últimas colocadas. Resta apenas saber se será a vencedora.
O momento foi de muita surpresa e confesso que vivi uma daquelas cenas de filme norte-americano em que o protagonista fica parado com cara de idiota olhando para o que está a sua frente, como quem não acredita. O que foi exatamente o ocorrido.
A foto vencedora do concurso cultural National Geographic International Photography Contest 2008 dará ao seu vencedor uma viagem com tudo pago para Washington D.C para conhecer a sede da National Geographic Society e ainda a exposição na revista NG Brasil, o que para qualquer apaixonado pela revista é o equivalente ao Oscar dos atores.
Nesse caso da minha foto foi feita em Arraial do Cabo, durante um fim de semana que passei por lá, e foram alguns momentos como esse em que consegui registrar com a minha câmera o trabalho árduo dos pescadores, que inclusive foi assunto do mais recente post “Guerreiros de Iemanjá”.

PS: Quando comecei a escrever este post ainda eram 11:50 da noite. O programa Profissão: Repórter de hoje foi o responsável pelo atraso. O novo começo fictício para o post poderia ser “Para iniciar o mês de Outubro com chave de ouro”...

domingo, 28 de setembro de 2008

Guerreiros de Iemanjá

(Escutando: Coldplay - Speed of Sound)

Não existe vida sem água. Acho que também não existe água sem vida. Toda a nossa constituição biológica é baseada em água, então acho que a afirmação é correta. Muito pelo contrário do que se pensa normalmente, existe muito mais vida no fundo dos oceanos do que nas mais variadas florestas do mundo. Se considerarmos que todos os anos barcos pesqueiros jogam de volta ao mar mais de 20.000.000 de toneladas de peixes que não servem para nada, já podemos imaginar que é provável a existência de pelo menos dez vez mais peixes no mar do que há pessoas no mundo. Como os insetos.
Tirando os cálculos estapafúrdios e as pesquisas de conhecimento inútil, queria apenas dar uma margem idealística da quantidade de criaturas marítimas que pescadores por todo o mundo podem ter acesso em um dia comum de trabalho (isso é claro excluindo espécies que vivem no fim do mundo, aquático).
É disso que vivem os pescadores. Sejam eles brasileiros, japoneses, ingleses, ugandenses ou costa-marfinenses. Pescadores vivem de peixes. Ou melhor, a venda deles. Acordando de manhã, antes de qualquer trabalhador normal, muitas vezes antes mesmo do sol aparecer no céu, eles iniciam sua jornada de trabalho orando. Eles rezam durante alguns minutos pedindo a seus orixás e santos que tenham a sorte de fisgar o máximo de peixes possível e uma rota livre de problemas. É nessas horas que me pego imaginando, “O que eles diriam de um grupo de índios fazendo a dança da chuva?”.
A vida, os hábitos (de vez em quando um tanto bárbaros) rapidamente são assimilados por quem está acostumado a uma certa falta de luxos pessoais (eu), mas para a maior parte das pessoas, pescadores são vistos como porcos, mal-educados e arruaceiros. Dito isso, como me aproximar ao ponto da fotografia e deixar que eles se sintam a vontade comigo tanto quanto eu me sinto a vontade com eles? Muito simples: oferecendo alguns copos de cerveja. Na maior parte do território brasileiro a cerveja abre caminhos, estradas, portões, portas, pernas... enfim: não foi difícil fazer amizade.
“Eu poderia ir com vocês, para documentar o seu trabalho?”, disse ingênuo.
“Você pediria para acompanhar um gari no seu dia-a-dia? Ou um advogado?”, respondeu o guerreiro grosseiramente. “Não se pode acompanhar pessoas no seu trabalho. Você acha demais nós ficarmos em contato com o mar todos os dias. Nós temos isso tanto como uma benção quanto como uma maldição. Se o mar der peixe, estamos abençoados. Se nós dermos azar, a segunda opção. Nós estamos trabalhando. Você se divertindo.”
Disse ele sem imaginar o quanto estava me expondo a tanto ser assaltado quanto a molhar meu equipamento, mas ainda sim disposto ao sacrifício pelas excelentes fotografias que poderia conseguir. Mas isso é óbvio que eu não disse.
Então, fica prometido desde agora: eu ainda documentarei o dia-a-dia de trabalho de um grupo de pescadores em alto mar. Ainda entrarei em um barco de pesca ou mesmo um barquinho de dois homens para passar todas as horas do dia que eu puder fotografando seu trabalho.
Para fazer uma rápida despedida, lembro de ter perguntado para alguns dos pescadores o que eles pensavam sobre pessoas que jogam lixo no chão, que sujam as florestas e maltratam a natureza, tendo visto uma senhora granfina jogando uma latinha de refrigerante no chão. Foi onde um desses guerreiros se despediu de mim com algo desconcertante, “Nós vivemos da natureza. Não faz sentido não cuidarmos dela.”

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Urca em Tons Quentes

(Escutando: Peter Gabriel - Down to Earth)

Existe algo mais belo do que o pôr-do-sol? Vou melhorar a pergunta. Existe algo mais belo do que o pôr-do-sol visto da Urca? Difícil responder.
Assim como é difícil ignorar o pôr-do-sol em qualquer canto do planeta, inclusive onde ele pouco se vê, na Urca isso torna-se especialmente mais complicado, já que se houvesse uma lista de os “100 Melhores Pôres-do-Sol no Brasil”, este com certeza deveria estar incluido.
Lembro de uma família de turistas franceses, meio esnobes e antipáticos que cruzou o meu caminho certa vez pedindo para que eu os fotografasse próximos ao bondinho e com o Pão-de-Açucar na composição. Horas depois eles me encontraram novamente e pediram para que eu tirasse uma nova foto da família (formada por cinco pessoas), dessa vez com o Corcovado ao fundo. Ainda tentando ser simpático e prestativo, tive o desprazer de ouvir “Deverias fotografar o pôr-do-sol da Torre Eiffel ou do Arco do Triunfo. Podes ver toda Cidade Luz (Paris) de lá.” Isso me fez pensar um bocado. Ver quase toda a família jogando lixo na rua, alguns segundos depois me deixou ainda mais apreensivo.
A mais de um ano considero a Urca o meu paraíso para fotografar, já que seja andando pela natureza da pista Cláudio Coutinho ou perseguindo uma boa foto na praia sempre me senti seguro o suficiente para retirar a câmera da mochila e fazer as minhas fotos. E ainda que não houvesse segurança, seria difícil deixar a máquina escondida devido a tanta beleza.
Esteja você caminhando pela pista do Bem-Te-Vi (Cláudio Coutinho), pela Praia Vermelha, Praia da Urca ou pela Avenida Portugal, irá também se impressionar com a beleza do local. Eu me impressiono até hoje. O bairro da Urca seria bem melhor retratado décadas atrás, quando além de ser um bairro mais limpo, parecia também mais calmo. Hoje em dia uma quantidade grande de pessoas que freqüenta tanto a praia quanto as pistas, dão uma aparência já muito urbanizada.
São horas e horas, pelo menos de três a quatro vezes por mês, que gasto fazendo verdadeiras expedições pelas trilhas e rochas em volta do Pão-de-Açucar, munido muitas vezes da câmera e uma foto idealizada na mente. Houve dias de enfrentar mais de doze horas sentado em uma caverna natural aguardando pássaros a serem fotografados, aguentando todo tipo de mosquito usufruindo de meu sangue e até mesmo alguns dias em que eu simplesmente não conseguia descer toda a trilha de volta, vencido pelo cansaço.
A grande diferença é: quando a intenção era fotografar o pôr-do-sol na Urca, as fotos sempre saem boas. Algumas um pouco subexpostas e outras superexpostas, mas no geral as fotos tem elementos sempre belíssimos, já que um pôr-do-sol como aquele, dificilmente haverá uma foto 100% perdida. Não importa para onde você aponte a câmera. A foto será boa. O fotógrafo Chris Johns, colaborador da National Geographic, certa vez disse, “Se todas as fotos no seu rolo estiverem boas, então você falhou.” Óbviamente ele nunca andou pela Urca.
Enfim, para relembrar o assunto sobre a família de franceses que tive o não tão grande prazer de conhecer, gostaria de ter formulado a frase que pensei agora naquele momento, “Paris é linda, mas eu moro onde seu povo tira férias.”

P.S: buscando o plural de “pôr-do-sol” no pai dos burros (Google) li uma frase, enganada, mas muito bonita, “Não existe pôres-do-sol, pois cada pôr-do-sol é único.”
P.S.2: o plural de pôr-do-sol é “pôres-do-sol”.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Amazônia nas Entrelinhas

Seguindo ainda o hype do post sobre o Dia da Amazônia e um pouco sobre o dia 16/09, o Dia Internacional de Proteção da Camada de Ozônio, venho aqui somente para divulgar algumas coisas.
Em primeiro lugar, o post do meu camarada Rodrigo Baleia, fotojornalista ambiental, colaborador da revista National Geographic Brasil e ativista do Greenpeace, que já está na luta pela maior floresta do mundo desde o ano 2000, quando começou suas explorações fotográficas. Seus posts no blog da NG Brasil são os meus favoritos porque ele é o único que se esforça realmente pelo trabalho que propõe e já vem tentando proteger a região a muito tempo. Então hoje estou passando para frente seu mais novo post, “Amazônia: para sempre na memória”, onde fala um pouco sobre as dificuldades em fotografar as queimadas da floresta e as amizades que em muitos momentos o fizeram resistir aos maus momentos.
Em segundo lugar, gostaria de falar sobre o programa Profissão: Repórter, de ontém chamado "Queimadas na Amazônia", que acompanhou o jornalista Caco Barcellos e sua equipe formada pelo cinegrafista Mikael Fox e os repórteres Felipe Gutierrez e Caio Cavechini, que desbravaram 1.800km de estradas, flagrando queimadas ilegais e paisagens completamente diferentes de quando o jornalista veterano da Globo esteve lá em 1988. Os ativistas do Greenpeace Paulo Adário, Marcelo Marquesini e o fotógrafo Rodrigo Baleia fizeram companhia para a equipe com o intuito de mapear a região e denunciar as queimadas de florestas.
Em terceiro lugar, gostaria de mostrar um vídeo que encontrei no Youtube chamado “Greenpeace: Amazônia”, que foi criado para servir de uma propaganda viral (aqueles tipos de vídeo que todo mundo quer ver, não importa aonde estejam) para a preservação da floresta amazônica. Uma das propagandas mais geniais e com o maior senso de humor negro que já vi em anos. Muito bom, vale a pena conferir.

domingo, 7 de setembro de 2008

Amazônia - Verde ou Cinza?

(Escutando: Sugarhill Gang - Jump On It)

Escrevo este post com 48 horas de atraso para fazer minha contribuição ao Dia Mundial da Amazônia, que é comemorado no dia 5 de Setembro, desde 1850, quando foi criada a província do Amazonas, separando-a da província do Pará.
Embora eu ainda esteja no Rio de Janeiro e não tenha ido até a maior floresta do planeta Terra fazer algumas fotos para esse blog, encontrei uma forma um tanto criativa de mostrar imagens que de alguma forma lembram a Amazônia. Andei durante algumas horas pela pista Cláudio Coutinho, na Urca e procurei boas imagens que pudessem me ajudar na ambientação amazônica.
Este dia, pelo menos para mim, significa uma coisa: que seja lá quem criou a Lei Nº 582 que separava uma província da outra, deve estar se debatendo no caixão, ao perceber que hoje em dia a porcentagem de desmatamento cresce a cada dia, e embora em Julho desse ano tenha se mantido estável, a quantidade de áreas desmatadas ainda é muito grande. Todo mundo se preocupa com o 11 de Setembro, os ataques ao metrô de Londres e a Guerra no Afeganistão, mas ninguém para pra pensar nos atentados que vem sendo feitos diariamente à natureza.
Anos atrás o Dia da Amazônia serviu para comemorar a criação de uma nova província, separando-a do estado que hoje é líder em desmatamento, o Pará. Hoje em dia, com avisos, comerciais, palestrantes que o tempo todo falam sobre um planeta sustentável e formas de se ajudar a natureza, esse dia deveria ser lembrado como o dia em que todas as pessoas vão para um parque ou ambiente natural para se sentirem bem junto a natureza (sem jogar lixo no chão!).
O fotógrafo Rodrigo Baleia, um dos maiores colaboradores da National Geographic Brasil fez um trabalho sobre o desmatamento na Amazônia e ele é também o autor de uma dos textos que eu talvez nunca mais me esqueça, “Faz cinco dias que me escondo em um quarto de hotel. Só saio para fotografar e logo volto. Às vezes penso que isso seria normal se eu estivesse cobrindo algum conflito ou guerra, mas não consigo admitir isso em meu país.”
A Amazônia, outrora uma floresta intacta e grande o suficiente para abrigar alguns países pequenos em seu interior, hoje em dia diminui cada vez mais. As empresas madeireiras não tem a real noção de que em pouco tempo não haverá mais o que cortar por lá. E eu digo pouco tempo me referindo a pelo menos uns cem anos, já que isso é apenas um piscar de olhos na história da maior floresta do mundo.
Pessoas, conscientizem-se de que se a natureza acabar, nós vamos junto. Nós não viveremos sem ela. Pensem se vale mais a pena manter a Amazônia com seu verde vivo ou em tons cinzentos.
E para quem se interesse, o motivo das 24 horas de atraso foi a exaustão total. Escrevo este post com braços e pernas a ponto de falecerem.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eco-Sistema Humano

(Escutando: O Rappa - Monstro Invisível)

Neste post quero mostrar que minhas fotografias não tratam somente de animais e natureza. Quero mostrar que bons momentos podem ser feitos em qualquer lugar, a qualquer hora, seja de frente para um leão caçando ou uma criança dando seus primeiros passos. Esse post é sobre os maiores inimigos dos animais. Nós mesmos. E ao invés de retratarnos como criaturas malignas, farei o contrário. Mostrarei bons momentos nossos e dos animais. Afinal o nome do blog é “Natureza em Foco”, mas eu não disse o que por ventura pudesse estar “fora de foco”.
O maior problema do planeta Terra é: a cada 1 milhão de pessoas que nasce nesse mundo, 3 milhões de animais somem da natureza. Anos atrás a população de leões africanos era de aproximadamente 50.000, hoje em dia é de 15.000, o que é alarmante. Ninguém parou ainda para pensar que os animais não tem restrições para acasalamento, ou seja: um leão ou urso pode tentar reproduzir com o próprio filho, ou com o irmão. Os seres-humanos não são assim, eles não reproduzem com membros da própria família. O que eu quero dizer é que a perpetuação da espécie animal está com eles, já que a qualquer momento eles podem reproduzir sem se preocupar do "com quem?". Mas ainda assim os animais existem em uma quantidade muito menor que a nossa. Sabem qual a diferença? Eu digo: nós ocupamos muito espaço.
As pessoas na cidade grande simplesmente não tem noção de que a vida selvagem depende delas. Que todos os riachos, esgotos e tudo mais, terminam em algum lugar, geralmente bem longe dos seres-humanos. Ou seja, toneladas e toneladas de lixo são depositados nos lares de criaturas selvagens somente para que nós nos sintamos bem com nosso “meio-ambiente”. Se as pessoas não tiverem noção disso, nosso planeta literalmente irá murchar e morrer.
Eu acho que fotografar animais em cativeiro, como em um zoológico, somente produz fotos falsas. Os animais de cativeiro são de alguma forma mais tranqüilos, eles perdem o seu aspecto selvagem. A vida selvagem por detrás das grades é bem diferente da vida que os animais levam na selva. Mas algo não pode ser negado. Fotografar animais em seus eco-sistemas naturais tem sido cada vez mais difícil.
Algumas pessoas me dizem que o meu entusiasmo com a fotografia da natureza é infeccioso, que depois de uma curta conversa comigo alguns deles querem pegar uma câmera fotográfica e saírem por aí batendo fotos. Com relação a isso só posso dizer que sou um fotógrafo apaixonadíssimo pelo que faço e não consigo me imaginar sem uma câmera nas mãos. A única forma de me deixar chateado com algo é me proibir de fazer o que eu amo, eu só ficaria triste se por algum motivo eu não pudesse fotografar, trabalhar com o meio-ambiente, com os animais e a natureza.
O que eu tento fazer com minhas fotografias, é na verdade, gritar para que todas as pessoas possam me ouvir e entender o que quero dizer. Toda vez que saio de casa as 4:30 da manhã, vou para algum lugar com minha câmera na mão e fotografo alguma coisa é pensando em salvar algum habitat natural. Eu tento salvar alguma floresta, algum lugar, algum animal. É sobre isso que minha fotografia trata.
As pessoas tendem a se preocupar demais com o que está dentro das cidades e não com o que está fora delas. Não é a toa que a Floresta da Tijuca e o Jardim Botânico estejam lá até hoje, sãos e salvos, mas a Amazônia é fatiada dia após dia. O que eu quero mostrar para essas pessoas é que elas deveriam ter vergonha do que fazem. Jogar apenas uma lata de refrigerante no chão do Rio de Janeiro, pode significar uma inundação em Rondônia.
Eu acredito que com minhas fotografias as pessoas vão deixar de se preocupar somente com as fotos belas e legais da natureza como também passarão a olhar com outros olhos as fotos em que retrato a desgraça de alguns lugares, o que nós mesmos podemos mudar e como devemos nos portar perante o mundo que nos deu vida.
Todos nós estamos juntos nessa. Humanos e animais. Nós precisamos cooperar uns com os outros, entender nossos instintos. Se o instinto do animal é atacar, fique longe dele.

E como diria o fotógrafo Michael Nichols "Depois que perceberes que podes usar a fotografia para salvar o mundo, você nunca voltará atrás. Nunca."

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Vida Selvagem Atrás das Grades

(Escutando: E.S Posthumus - Pompeii)

Certo tempo atrás estava eu trocando de canais na televisão e escutei um ambientalista começando uma frase, “O Zoológico do Rio de Janeiro conta com mais de quinhentos detentos...” Hoje me lembrei desse fato e fiquei pensando sobre isso. Por que chamar animais de detentos?
Em duas vezes que fui ao zoológico lembro de ter pensado, “O que esses animais devem pensar? A prisão deles é nossa diversão?” Eu vou explicar isso.
O Zoológico do Rio de Janeiro é enorme e embora tenha espaço para se colocar vários outros animais e expandir um pouco as jaulas de alguns animais que parecem infelizes demais, não parece estar nos planos da Prefeitura. Deve ser por isso que senti tanta falta de ver Rinocerontes, Zebras, Pandas, Focas e Gorilas. Fico imaginando o por que do zoológico, que deveria proteger e tratar os animais fazendo com que eles fiquem o mais próximos possível de seu eco-sistema natural, investe em formas cada vez maiores de explorá-los. Parece muito mais fácil já que os animais de lá estão ainda estão relativamente longe da extinção.
Ver o Leão (Panthera Leo), Rei da Selva, impotente, com um olhar sem alma, trancafiado dentro de um ambiente com pouco mais de 10m2 não é algo que me faz sentir orgulho da sociedade em que vivo. A desgraça dos animais vira a diversão de outros animais que teimam em dizer que são conscientes, racionais, esclarecidos... seres-humanos. E muito embora parta do bom senso não agredir outras pessoas e menos ainda animais enjaulados, alguns ainda sentem a necessidade de jogar objetos contra eles. Talvez sejam as mesmas que ficaram tristes ao ver o noticiário sobre a morte do macaco Tião.
Testemunhei um grupo de crianças jogando pedras no Leão que devia pesar pelo menos uns 200kg e mesmo que aquilo obviamente estivesse incomodando-o, nada fez. Apenas continuou deitado, tentando dormir. Ver pais e mães rindo disso é ainda mais deplorável. Me pergunto que mal faria abrir as grades por alguns minutos até que toda a real “sujeira” fosse “lavada”.
O Chimpanzé (Pan Troglodytes), sentado como um malandro, encarando os visitantes como quem diz, “Estão olhando o que, trouxas?”, deixa claro o quanto esse animal é parecido conosco. O fato dele de vez em quando arremessar fezes na direção das pessoas não faz dele um “Filho da p...”, como várias pessoas exclamaram ao mesmo tempo ao ver bosta primata voando em sua direção. Isso faz dele um macaco. Um primata. Um ser que ficou para trás na evolução, mas não há como negar: nós somos parentes não tão distantes deles. Dito isso, por que um macaco, trancado em uma jaula com uma fêmea que nós, humanos, não nos perguntamos se é o par ideal para ele acasalar (você faria sexo com uma mulher feia só porque o trancaram junto dela num quarto?), sem contato nenhum com seu habitat natural é um “filho da p...”, e nós, raça mais evoluida do planeta Terra, donos das maiores construções, viajantes do espaço, desbravadores dos oceanos, não o somos ao jogar objetos nesses animais somente para que eles comecem a bater palmas ou a rugir? Acho estranho ninguém ter parado para pensar que esses animais não querem reproduzir, não querem brincar ou divertir os outros; eles querem é dar o fora dali!
O comediante Chris Rock em seu stand up “Never Scared”, disse uma das frases que talvez nunca mais saia da minha cabeça quando se referiu ao caso em que o mágico de Las Vegas, Roy Horn foi mordido por seu Tigre Branco, Monticore. “O tigre morde a cabeça do homem e todo mundo fica zangado com o tigre. Dizem que o tigre ficou maluco. O tigre não ficou maluco. O tigre ficou tigre.”
A Onça Pintada (Panthera Onca) que corria em circulos, parando de quando em quando para se esticar nas grades é algo que fez até mesmo as crianças que jogavam pedras em outros animais pensar sobre. “Mamãe, por que não colocam ela numa jaula maior?” Excelente pergunta.
O Urso Pardo (Ursus Arctos), na natureza um animal poderoso, caçador e territorialista extremo, no zoológico um animal que passa o dia todo com a barriga para cima, de vez em quando caçando as folhas que caem das árvores, de vez em quando tentando morder o próprio pé. O Tigre Siberiano (Panthera Tigris Altaica), maior felino vivo hoje em dia, pode chegar a pesar 300kg e medir mais de três metros do focinho até a ponta da cauda. No zoológico apenas um gatinho que dorme o dia todo e durante a noite fica olhando para o nada.
Não acho estranho que normalmente os animais que vivem soltos na natureza pesem muito menos que seus companheiros enjaulados, já que eles tem todo o tempo do mundo correr atrás de suas presas ou brincar com outros membros de sua espécie e os animais do zoológico pesem muito mais já que ficam entediados o dia todo, apenas treinando sua paciência com pessoas que cada vez mais exageram na forma de chamar sua atenção. Tive o azar de ouvir da boca de um pai de família a seguinte frase, “Levanta, bicho burro! Vai ficar deitado aí? Paguei R$ 6,00 pra te ver. Levanta.” Preciso comentar?
Mas nem todo o dia foi uma experiência que me trouxe remorso e pesar na minha visita ao zoológico. Acho que não houve momento mais emocionante do que sentir a proximidade de um animal que tem pelo menos quatro vezes o meu tamanho e não entenderia como problema me pisotear vivo.
Pisotear? Não. O simpático e desengonçado Girafa (Giraffa Camelopardalis) chamada “Zagalo”, um macho que mede mais de 5m de altura não faria isso. Se fosse um animal agressivo teria cortado minha mão fora quando me aproximei demais e dei algumas folhagens para ele comer. Segundos depois estava fazendo carinho em sua cabeça. A respiração daquele animal é absurdamente forte e seu pêlo um pouco mais duro do que eu imaginava. Naquele momento tive a consciência de que estava burlando duas leis do local: alimentar animais e atravessar a grade de segurança (Hey, eu também cometi um erro, certo?)
Mas é óbvio que como todo fotógrafo estou geralmente atrás da câmera e seria uma atitute idiota pedir para um segurança ou visitante tirar uma foto minha fazendo algo que naquele zoológico é proibido. Mas valeu a pena. Óbvio que não se repetirá, mas da próxima vez que eu encostar em uma Girafa, será na África.
Sobre a foto da Arara-Azul ou Araraúna (Anodorhynchus Hyacinthinus), gostaria de informar que o fotógrafo Luis Cláudio Marigo, profundo conhecedor da fauna e flora brasileira, fez um trabalho hercúleo ao fotografar esse animal em seu habitat natural dito que ele faz parte da Lista Vermelha de animais com risco de extinção. A única diferença entre a minha foto e as dele é que na minha grades me separavam do animal.
Enquanto caminhava pelos pátios do zoológico e fotografava sem parar todos os animais que encontrava pela frente, sem deixar de sentir calafrios ao escutar o potente rugido do Leão ao longe e o grasnar dos Urubus e Garças que por ali voavam encontrei personagens que me fizeram refletir muito sobre o que se vê em um lugar como aquele.
Como por exemplo o turista argentino que exclamou, “En San Pablo eles son mejores tratados”, ou o segurança, apaixonado pelos animais, que certa vez teve que salvar uma criança que caiu dentro da cerca do elefante. Foi quando perguntei, “Mas por que eu ainda acho que esses animais mereciam estar soltos?”, e recebi a seguinte resposta, “É uma questão de ponto de vista. Aqui dentro eles são bem tratatos e morrem de velhice. Lá fora eles são assassinados e viram troféus.”
Acho que foi isso que aquele cara quis dizer com ‘detentos’.

Obs: O sujeito fazendo carinho na Girafa não sou eu. Ele é o tratador do zoológico que chamei para retirar um pedaço da grade que havia machucado o animal.